1º Domingo da Quaresma
Convertei-vos e crede no Evangelho
A Liturgia do primeiro Domingo da Quaresma, nos apresentou o mistério de Jesus que foi arrebatado pelo Espírito Santo ao deserto, onde foi tentado. Mas, como toda Quaresma e especialmente no Tríduo Pascal, as leituras nos apresentaram uma forte conotação batismal.
A Páscoa constitui a festa da vida, manifestada na ressurreição de Jesus Cristo e no batismo dos cristãos. Por isso, é uma festa batismal, seja dos que vão ser batizados, seja dos que pela penitência renovam a aliança batismal. E, as leituras de deste final de semana comemoram a restauração do ser humano em Cristo morto e ressuscitado. Assim, após o Batismo no Jordão, Jesus é impelido pelo Espírito Santo ao deserto. Antes de significar a morte, faz recordar que foi no deserto que Deus manifestou seu amor pelo seu povo. Deserto é o lugar de Deus, o paraíso. Jesus vivia entre as feras e os anjos o serviam (cf. Mc 1,12-15). Jesus transforma o deserto em paraíso.
No Batismo do Jordão, Jesus mergulhou nas águas da vida, assumindo totalmente a condição humana e conformando sua vida com o plano do Pai. Dessa forma ele venceu sentido inimigo, satanás. Aquele que seduziu, enganou Adão e Eva que se tornaram desobedientes a Deus através do mau uso de sua liberdade enquanto criaturas. Simbolicamente, Jesus prefigura o mistério pascal. Sua obediência e fidelidade a vontade do Pai e ao seu desejo de salvar a humanidade, o levará a morte de Cruz. Vencido o inimigo da desobediência no Batismo, manifesta-se o Filho bem-amado, recupera-se o paraíso. Inicia-se, então, a luta contra satanás, vencido, por sua vez, nas tentações do deserto. A partir daí Jesus inicia a grande luta da libertação da humanidade, “proclamando o Reino de Deus” pela palavra e pela ação. O tempo está realizado, é agora. E o Reino de Deus está próximo: “Convertei-vos e crede no evangelho”.
Esta nova aliança de Deus com a humanidade, realizada na morte e ressurreição de Cristo, fora prefigurada na aliança de Deus com Noé, salvo das águas do dilúvio (Gn 9, 8-15). A arca prefigurava o batismo, que salva mediante a fé (IPd 3, 18-22).
Conversão e batismo constituem as duas linhas-forças da Quaresma. Pelo batismo o ser humano mergulha, por sua vez, na morte e ressurreição do Senhor Jesus. Este mergulho nas águas da vida di batismo em Cristo exige, por sua vez, a conversão, o compromisso solene de uma boa consciência para com Deus. Conversão, fé na boa-nova de Cristo e compromisso de vida nova constituem as linhas-forças desta Quaresma que se inicia.