Paróquia Santa Rita de Cássia - Campo Grande-MS.

V – DOMINGO DA QUARESMA



Deus não é um amigo fácil! Muitas vezes o sentimos longe, inacessível, tão diferente desta carne, desta terra, da nossa vida. Às vezes, os homens pensam que podem fazer o mesmo com Deus. Pela boca de Jeremias, Deus garante ao homem sua presença;  é o Deus próximo, o Deus-com-o-homem: “Porei minha lei em sua alma, escrevê-la-ei em seu coração. Então eu serei seu Deus e ele será meu povo.” Deus não é algo imposível, encerrado em seu absolutismo; é “Alguém”, e nós o conhecemos na pessoa de Jesus.

Quem é este homem
O desejo de ver Jesus, expresso com tanta esperança pelo grupo dos gregos, traduz uma aspiração que percorre os séculos. Sua figura domina o horizonte da história e atrai a atenção e o respeito dos que Crêem e dos que não têm fé. Muitos contemporâneos nossos desejariam encontrar sua face e ouvir sua voz; os jovens especialmente, usam o nome de Jesus como desafio à sociedade que contestam; torna-se sinal de contradição e de união, de libertação e salvação das taras de nossa sociedade, convite a redescobrir sua face e sua mensagem: “No meio de vós está alguém que não conheceis”(Jo1,26).

Quem me vê, vê o Pai
Quem é Jesus Cristo? É apenas um homem, maior dos homens, ou é, em sentido pleno e único, o filho vivo de Deus? Que diferença há se se aceita ou não que Jesus seja Deus ou que seja apenas a mais perfeita das criaturas? Não basta reconhecê-lo como salvador, Libertador? Cabe a cada um de nós formular respostas precisas; aqui só apontaremos brevente.

1)    – Cristo é verdadeiro Deus: este dogma é a alma de todos os dogmas. Significa que a infinita riqueza e a infinita plenitude de vida, de amor, de ternura e piedade daquele que se revela na Bíblia como o Deus vivo, estão presentes nele. Ele é “a força e o poder de Deus”(Rm1,16) operantes num homem; é o Deus conosco, um Deus no contexto da história humana; nele está a fonte infinita do amor, da paz. Da alegria, da confiança. Se Jesus é Deus, descobrimos até que ponte Deus nos amou por ele!

2)    Cristo é plena e totalmente verdadeiro homem: encontramos a humanidade de Cristo em todas as páginas dos evangelhos. Jesus tem fome e sede (Mt 4,2; 21,18; Jo 4,7; 19,28), está sujeito a fadiga (Jo 4,6), faz amizades, chora por Lázaro (Jo 11,35), tem compaixão das multidões (Mt 10,36), aproxima-se dos homens com simplicidade e autoridade; os pecadores, os doentes nele encontram compreensão e conversão; retoma dia a dia sua opção pela missão que o Pai lhe confiou, a começar pelas tentações no deserto até a suprema decisão no Getsêmani.

3)    Cristo é indissoluvelmente Deus-Homem: é impossível separar a divindade de Cristo da sua ressurreição e da sua atuação durante a vida terrena; tinha razão o centurião ao exclamar junto à cruz: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus”( Mt 27,54).

Contemplarão aquele a quem traspassaram
A cruz é o momento em que os homens, cujos olhos mergulham continuamente na vaidade e na banalidade, podem, ultrapassando todas as defesas deste mundo, contemplar o verdadeiro Salvador. É desconcertante o meio que Deus escolheu para trazer a salvação ao homem: jamais os homens se habituarão com o sofrimento e a morte de um inocente. Jesus é o grão de trigo que foi sepultado nesta terra, para que de seu lado aberto brotasse um vida nova, vida diferente. Diante de Jesus, que cura os doentes, que pronuncia palavras sublimes ou faz prodígios, há quem se escandalize e quem se comova, há os que se convertem e os que ironizam. Diante de Jesus morto na cruz só há um silêncio: ele me amou, amou você até morrer na cruz. Cada um se encontra sozinho diante do mistério de Cristo: “Deus morreu e nós o traspassamos. Nós o matamos encerrando-o no invólucro deteriorado das idéias rotineiras, exilando-o em formas de piedade sem conteúdo ou sem preciosismo arqueológicos; matamo-lo pela ambigüidade da nossa vida que lançou um véu obscuro sobre ele”( Bento XVI). A fé Cristã recebe da cruz de Jesus sua forma característica: dizer sim á aventura de perder a própria vida, dizer sim a um amor autêntico.