
IV – DOMINGO DA PÁSCOA
No nome de Jesus Cristo está a salvação
O mediador único da salvação é Jesus de Nazaré. Todos os outros títulos só servem par qualificar o Nome de Jesus, “Deus salva”. Deus salva a humanidade no homem Jesus, em que se encontram a total disponibilidade e fidelidade da criatura com a “benevolência” e o amor do criador e Pai. A pessoa do homem-Deus, perfeito acabamento da salvação, traz em si o apelo à plenitude de vida e de amor que todo homem deseja, e a resposta, isto é, o cumprimento. Só que cada um identifica a salvação, categoria extremamente ampla e polivalente, com realidades diversas, próximas e concretas( a saúde, um bom êxito) ou mais gerais ou espirituais, isto é, a felicidade de espírito.
Salvação que completa
Uma salvação de ordem religiosa está, em geral fora das perspectivas, e deve ser revelada partindo das expectativas e servindo-se das realidades acessíveis, que se tornam sinal das transcendentes. Exemplo claro dessa realidade é a cura do aleijado que precede a primeira leitura deste domingo. Assim, a salvação que nos é oferecida em nome de Jesus é pascal porque consiste numa passagem e numa superação: corrige o que está errado, completa o que é falho, transcende o que é justo. A Igreja faz sua e propõe a salvação em Jesus e em nenhum outro; isto significa que não pode encontrar em si mesma ou qualquer outra potência humana sua força, mas somente no poder do Senhor ressuscitado. A salvação que ela propõe em nome de Jesus dirige-se ao homem todo, os auxílios à indigência, ao desespero, à ignorância dos homens não tem mais do que uma função supletiva. No entanto, mesmo que isso é feito no nome de Jesus e cada cristão se esforça por fazê-lo, levado por uma visão de fé e por um sentido de participação real na pobreza do próximo. Revelam assim quem é que os envia. Mas, assim como seria inaceitável usar a religião como instrumento, também seria mutilado um cristianismo que não fizesse referência explícita ao único Salvador.
Entre presunção e desespero
A exigência da salvação se faz sentir hoje com urgência em toda nossa civilização. Depois de otimismos exuberantes do século passado, que viam na ciência, então em seus primeiros passos, uma promessa de salvação para todos os males do homem, nossos contemporâneos se tornaram mais cautelosos. A ciência, como aliás todas as realidades humanas, revelaram sua face ambígua. Ainda hoje existem os que esperam a salvação da ciência, da economia, da técnica, da projeção estatística e da futurologia. Mas seu número é cada vez mais escasso, seu otimismo cada vez mais condicionado. Todos os humanismos ateus insistem unicamente no homem em seu esforço por obter a salvação. Mas sua atitude termina em dois estados de espírito: a presunção ou o desespero.Na mitologia grega a presunção de Prometeu, que escala os céus e desfia os deuses, arrebatando-lhes o fogo sagrada. O desespero de Sísifo, que considera inútil sua longa fadiga, em vão é seu esforço. Assim entendemos todo desanimo e descrédito num cinismo cético e pessimista: falta de esperança.
Viver o mistério pascal de Cristo
O cristão sabe que só há salvação em Cristo. Ele é o único Salvador. Em nenhum outro e em nada mais há salvação: nem na ciência nem na técnica, na economia ou na arte. Somente em Cristo. E não é uma salvação parcial, puramente espiritual. Atinge o homem em sua globalidade, liberta-o e salva-o interiormente para que se possa libertar e salvar também em todas as outras dimensões de seu ser, individual e social. Salvação do homem todo. Salvação de todos os homens. Salvação que tem sua garantia de êxito na Páscoa do Senhor. Assim, entendemos o que a Igreja diz aos sacerdotes, que, para iniciar o povo na vivencia do Mistério Pascal de Cristo, devem aprendera a procurá-lo na meditação fiel da palavra de Deus, na participação ativa dos ministérios da Igreja, no bispo e especialmente nos pobres, pequeninos, enfermos, pecadores e incrédulos.