Paróquia Santa Rita de Cássia - Campo Grande-MS.


II Domingo da Quaresma


A vida passa pela morte


Cada ano, a liturgia do II Domingo da Quaresma vem perpassada do mistério da Transfiguração de Jesus. Neste domingo, temos a narração da transfiguração segundo Marcos (cf. 9,1-9). Trata-se de uma nova prefiguração do mistério de sua morte e ressurreição. Assim, as leituras deste domingo levam a Igreja a viver o mistério que passa pela morte.

Sabemos que Adão e Eva haviam recebido o dom da vida e da imortalidade. Havia no paraíso a árvore da vida, da qual podiam comer a vontade. Mas preferiram comer da árvore do bem e do mal. Em vez de acolher o dom da vida, quiseram possuí-la como um direito; quiseram ser iguais a Deus. Ora, quando a criatura humana não reconhece sua condição de criatura, ela volta ao pó de onde veio, pois não realiza sua vocação. Com Abraão inicia-se o caminho inverso. Ele deixa tudo: sua terra, bens e parentela e vai para a terra que Deus lhe mostrou, tornando-se, pela fé, fonte de bênçãos para todas as famílias da terra. Mas como aconteceria isso se não tinha filho? Finalmente ele recebe um filho em quem sua descendência seria numerosa como as estrelas do céu e as areias do mar. Talvez Abraão também tenha passado pela tentação de ser dono da benção. Assim, no momento em que reconhece que Isaac é dom de Deus, ele pode viver, pois ele vive a partir de Deus (cf. Gn 22,1-2.9ª10-13.15-19).
Também Jesus vive e chega a glória a partir do Pai, após atravessas a experiência da morte. A cena do Tabor repete a do sei batismo no Jordão e prefigura sua morte e ressurreição: “Este é meu Filho amado”.  Ao descerem do monte, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. Só a partir da ressurreição é que podemos  compreender o que diz São Paulo na 2ª leitura (cf Rm 8,31b-34). Cristo aceitou o caminho da morte como prova total de amor ao Pai e à humanidade, pois dar a vida por alguém constitui a maior prova de amor.
A restauração e a transfiguração do ser humano pecador passa pela renúncia de si mesmo, pela mortificação, pela conversão. Esta inclui o mistério da cruz. Como na transfiguração de Cristo está presente sua Paixão e Morte, assim também nossa vida em glória passa pelo mistério da morte. Assim, toda a caminhada da Quaresma deve ser vivida á luz da ressurreição.