Paróquia Santa Rita de Cássia - Campo Grande-MS.

FESTA DA ASCENSÃO DO SENHOR 



O DESTINO HOMEM NOVO
Buscando compreender a Ascensão de Jesus, recomendam os anjos que não se fique a olhar para o céu, mas que se espere e prepare a volta gloriosa do Senhor. Esta é, até o fim dos tempos, a missão da Igreja, em tensão o visível e o invisível, entre a realidade presente e a futura cidade para a qual caminhamos.

O homem à direita de Deus
A formula do nosso Creio: “Ressuscitou, subiu aos céus, está sentado à direita do Pai”, exprime a fé pessoal da Igreja nos destino de Jesus de Nazaré. Este homem, com o qual os apóstolos “comeram e beberam” durante sua existência terrena, tornou-se Senhor depois de sua morte, porque o Pai o associou definitivamente à sua vida, ao seu poder sobre os homens e sobre o mundo: “Todo poder me foi dado no céu e na terra”. Vivo, depois de sua paixão, como vimos na primeira leitura, está ele presente entre os seu numa dimensão, e anda com eles nos caminhos do mundo, aonde os envia como testemunhas da ressurreição, anunciadores de perdão dos pecados e da vida de filhos de Deus, portadores da força do espírito que reúne os homens de todas as nações na única Igreja. Com a fé e o batismo, todos os homens entram na nova dimensão do Ressuscitado, pensam e buscam as coisas do alto, onde Cristo esta assentado à direita de Deus. Assim,  participam  como membros do corpo de Cristo, da plenitude daquele que completa inteiramente todas as coisas. É o que nos falou a segunda leitura de domingo.
Pensando nesta realidade, podem-se compreender as expressões de entusiasmo dos antigos cristãos: “A ascensão de Cristo é a nossa ascensão; já que o Corpo é convidado a elevar-se até a glória em que precedeu a cabeça, vamos cantar nossa alegria, expandir em ação de graças todo o nosso júbilo. Hoje, não apenas conquistamos o paraíso, mas, penetramos nos mais altos céus”(S. Leão Magno).

O céu é Alguém
Afirmar que a humanidade, na pessoa do Cristo, já esta no céu, significa contestar as imagens espontâneas de um céu “espacial” (lá em cima, para além das estrelas) e a de uma felicidade eterna que começaria repentinamente, depois desta vida no tempo. Para Jesus, o céu é a participação plena na vida de Deus, de um homem verdadeiro, possuindo a mesma matéria e a mesma história de todos nós; uma relação nova entre o Criador e a criatura numa total transparência, livre dos limites e das dificuldades da condição terrena. Para nós será assim um dia, quando se manifestar abertamente aquilo que já somos; quando, pelo conhecimento e o amor, o corpo não for mais obstáculo, mas perfeito meio de comunicação.

Um céu assim não é simplesmente a “recompensa” de uma vida justa e boa, porque “os sofrimentos do momento presente não são comparáveis com a glória futura que será revelada em nós” (Rm 8,18). Nem é tampouco um narcótico para pessoas passivas e resignadas, um estimulo para o compromisso de trabalhar neste mundo pela realização daqueles valores de liberdade, justiça, paz, fraternidade, comunhão, vida, amor, alegria, que constituem a bem-aventurança do homem completo segundo o plano de Deus. Uma comunidade dos que creem e caminham nesta direção – isto é, aberta ao mundo, a serviço de todos – torna-se testemunha da nova humanidade realizada em Cristo Jesus.

Realidade terrestre e engajamento dos que creem
A reflexão dos documentos conciliares durante a novena em honra a Santa Rita de Cássia, acredito que nos auxiliaram na relação Igreja-mundo. Especialmente a Gaudium  et Spes, que é uma constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje. Vejamos alguns elementos.

1 – Reação a uma apresentação alienante da religião: “Entre as formas do ateísmo hodierno não deve ser esquecida aquela que espera a libertação do homem principalmente da sua libertação econômica e social. Sustenta que a religião, por sua natureza, impede esta libertação, à medida que, estimulando a esperança do homem numa quimérica vida futura, o afastaria da construção da cidade terrestre”(GS 20).

2 – Um novo equilíbrio a ser encontrado: “Somos advertidos, com efeito de que não adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a si mesmo (Lc 9,25). Contudo, a esperança de uma nova terra, longe de atenuar, antes deve estimular a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra. Nela cresce o Corpo da nova família humana que já pode apresentar algum esboço do novo século. Por isso, ainda que o progresso terreno deva ser cuidadosamente distinguido do aumento do reino de Cristo, contudo é de grande interesse para o Reino de Deus, na medida que pode contribuir para organizar a sociedade humana” (GS 39; cf. também GS 43 e 57).