

VI Domingo da Páscoa
DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS
A passagem da formulação teórica para uma concepção prática, encarnada numa situação concreta, produz certo impacto, porque transtorna hábitos e comportamentos. Então, como veremos na primeira leitura deste final de semana, Pedro começa a perceber as coisas em verdade o dualismo entre a tranquila aceitação intelectual e a inquietante experiência viva.
A liberdade religiosa
A Igreja de hoje afirmou solenemente em vários documentos conciliares o respeito pela crença religiosa de todos. Inclusive pelo próprio ateísmo. Portanto o repúdio de qualquer discriminação por motivos de religião e o significado positivo das diversas religiões de mundo como imperfeita revelação do Deus verdadeiro, destinadas, pois, a uma plenitude, mas já um efetivo bem espiritual, moral, sociocultural de um povo. Com isto, porém, não cessaram as intolerâncias, discriminações, desconfianças e incompreensões em nível prático e cotidiano propostas de trabalho, opções políticas, juízos globais sobre pessoas por causa de seu credo religioso, real ou presumido ou atitudes superiores. A história provou isso. Essa distinção não esta mais no campo sagrado ou do culto religioso, mas no amor fraterno ou no esforço pela libertação do homem. O serviço dos outros pode realmente constituir linguagem religiosa básica, que acentua o que é comum entre todos os que acolhem Cristo nos pequenos e nos pobres, mesmo sem conhecer sua face. É próprio da liberdade do Espírito suscitar nos não-cristãos as maravilhas de Deus. A explícita profissão de fé no Senhor Jesus, o batismo e a pertença visível à Igreja devem mostrar-lhes o objeto de sua busca e o termo de sua aventura espiritual, fazendo-os sentir-se em sua casa, no seio da família de que virtualmente fazem parte, até que conheçam o Deus de Jesus Cristo.
Nossa fé é livre
O espírito de fechamento, de divisão, de exclusão de tudo o que não apresenta bem visível a mensagem crista é uma das tentações permanentes do cristão. Nos custa ainda o diálogo com os que trabalham pela libertação de homem fora da área cristã. O cristianismo verdadeiro sabe derrubar barreiras e muros de separação, sob o impulso do Espírito. A primeira leitura nos recorda, que: “Em qualquer nação, quem teme a Deus e pratica a justiça, lhe é agradável”. Deus não considera tendências políticas ou partidaristas. Interessa-se por quem leva a peito a sorte dos homens. Prova disso que a Igreja abriu claramente as fronteiras a todos os homens estabelecendo relações com cada individuo e com os diversos povos, independentemente de seu credo religioso, e fazendo da liberdade de consciência o fundamento de todo diálogo e de toda evangelização. A pessoa humana tem direito à liberdade religiosa. Essa liberdade significa que todos os seres humanos não podem sofrer coação por parte de individuo algum, de grupos sociais ou de qualquer potencia humana; de modo que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir em conformidade com ela: privada ou publicamente, em forma individual ou social.
Deus vê o coração do homem
A Igreja não só quis para si o inalienável direito à liberdade religiosa; fundando-o sobre a dignidade da pessoa humana, subtraiu-o a toda esfera pública, de qualquer tipo que seja; isso significa que, para os que creem em religiões não cristãs, para os ateus, os agnósticos, os indiferentes, os céticos. É valido o mesmo sistema de imunidade das coações por parte da autoridade pública, mesmo no caso de professarem publicamente ou fazerem obras de propaganda em favor de suas ideias. A Igreja aceitou lealmente renunciar a uma situação de cristandade da qual estava excluído o pluralismo.
Sem optar absolutamente por um liberalismo doutrinal que pretenda a igualdade de todas as religiões, sem renunciar a evangelizar, mas recusando identificar apostolado e cruzada, a Igreja reconhece no pluralismo da sociedade moderna uma situação que não se opõe ao evangelho. O Concílio fala explicitamente da necessidade, para o homem, de uma “liberdade psicológica”, além de “imunidade de coação externa”. E isto é afirmado para impedir métodos contrários à liberdade e à responsabilidade humana, como seriam intimidações, lavagens de cérebro, persuasões ocultas, torturas físicas e psíquicas, que tolhem ao individuo o domínio das próprias faculdades, a liberdade de opção e o senso de responsabilidade das próprias decisões. Também responsáveis pelos grandes órgãos de informação, seja imprensa, televisão, rádio, internet, etc. Todos estão convidados a observar o respeito a consciência humana. É a própria verdade que exige isso.